quinta-feira, junho 02, 2011

O PROBLEMA DO MAL (PARTE 3)

O mal nas Religiões de origem Afro

Na religiosidade ioruba não existe maniqueísmo, o que não quer dizer que essa religião desconsidera o bem e o mal. Para os iorubas, o bem e o mal estão no mundo, mas não de forma absoluta e personificada. O bem e o mal permeiam todas as esferas e entidades, sejam as que habitam o mundo natural (Aiê), bem como as que vivem no mundo divino (Orum). Os orixás não fogem à regra. Eles têm traços de personalidade que lembram os seres humanos e não há nenhuma associação absoluta deles ao bem ou ao mal. Talvez, a entidade divina ioruba que melhor represente a ambigüidade dos orixás seja Exu. O orixá Exu é descrito como entidade marota e o relacionamento dos homens com ele deve se cercar de cautelas. No entanto, Exu não é uma entidade a ser evitada. No Candomblé, por exemplo, esse orixá é cultuado como os demais do panteão.

A partir dessas duas visões distintas, católica e ioruba, formou-se a visão umbandista sobre o bem e o mal.

Na Umbanda não existe separação absoluta do bem e do mal. Não se pode dizer que os orixás são bons ou maus porque essa questão é irrelevante para a teologia umbandista. Os orixás, só eles, governam o mundo e não vem ao caso classificá-los como entidades benignas ou malignas. Eles estão além dessas considerações.

Por outro lado, o catolicismo exerceu influência sobre a Umbanda na questão da dualidade bem e mal de forma mais discreta. O orixá Exu, por exemplo, não é cultuado na Umbanda e ela reconhece as incursões dos eguns marotos no mundo dos homens. Esses eguns, chamados de exus, são entidades que têm por característica marcante a ambigüidade moral. Na organização cósmica umbandista os exus estão posicionados na periferia. Eles dão consultas, recebem oferendas, encaminham demandas, mas têm menos espaço no congá e na gira umbandista.

A visão Espírita

O mal, é o resultado das imperfeições do homem, e o homem, sendo criado por Deus, Deus, dir-se-á, se não criou o mal, pelo menos a causa do mal; se houvesse feito o homem perfeito, o mal não existiria. Se o homem tivesse sido criado perfeito, seria levado, fatalmente, ao bem: ora, em virtude o seu livre arbítrio, ele não é levado, fatalmente, nem ao bem nem ao mal. Deus quis que fosse submetido à lei do progresso, e que, esse progresso fosse o fruto do seu próprio trabalho, a fim de que, dele, tivesse o mérito, do mesmo modo que carrega a responsabilidade do mal que é o fato da sua vontade. A questão, pois, é saber qual é, no homem, a fonte da propensão para o mal

O erro consiste em pretender que a alma tenha saído perfeita das mãos do Criador, ao passo que este, ao contrário, quis que a perfeição fosse o resultado da depuração gradual do Espírito e sua própria obra. Deus quis que a alma, em virtude do seu livre arbítrio, pudesse optar entre o bem o mal, e que ela chegasse aos seus fins últimos por uma vida militante e resistindo ao mal. Se tivesse feito a alma perfeita, como ele, e que, saindo das suas mãos, a tivesse associado à sua beatitude eterna, não a teria feito à sua imagem, mas semelhante a ele mesmo.[1]

2. 6 - Conceito Bíblico

Em Mateus 5:21-48, o Jesus reinterpreta os mandamentos, trazendo à tona os princípios que estavam encobertos pela letra da lei. É notável a observação em Mt 5:27-28, quando o tema abordado é o adultério: "ouvistes que foi dito: não adulterarás. Eu, porém, vos digo: qualquer que olhar para uma mulher com intenção impura no coração, já adulterou com ela".

Segundo Berkhof, biblicamente, o pecado inclui a culpa e a corrupção, e não consiste apenas de atos manifestos. O pecado não reside nalguma faculdade da alma, mas no coração, que na psicologia da Escritura é o centro da vida, o órgão central da alma, onde estão as saídas da vida (Pr 4:23; Jr 17:9; Mt 15:19,20; Lc 6:45; Hb 3:12). Afirma ainda Berkhof que o pecado tem caráter absoluto; na esfera ética, o contraste entre o bem e o mal é absoluto. Não há condição neutra entre ambos. O pecado não é um grau menor de bondade, mas um mal positivo, visto que a transição do bem para o mal não é de caráter quantitativo, e sim qualitativo. Conforme a Bíblia, quem não ama a Deus é caracterizado como mau, ou ímpio. A Escritura não reconhece nenhuma posição de neutralidade. Nessa dicotomia, o homem está do lado certo ou do lado errado (Mt 10:32,33; 12:30; Lc 11:23; Tg 2:10).

Para o argumento do problema do mal permanecer, o não-cristão deve estabelecer a premissa, “O amor de Deus contradiz a existência do mal”, ou algo com este efeito. Mas a própria Escritura não afirma esta premissa, e se o não-cristão tentar argumentar esta premissa com definições de amor e mal encontradas em sua própria cosmovisão não-bíblica, então, tudo que ele consegue é mostrar que a cosmovisão bíblica é diferente da cosmovisão não-bíblica. Nós já sabemos isto, mas, o que acontece com o problema do mal? O não-cristão aponta para o ensino escriturístico sobre o amor de Deus, então, contrabandeia uma definição não-bíblica de amor que requer que Deus destrua o mal, e depois disto, estupidamente se vanglória da “contradição” que ele produziu. [2]

A ORIGEM DO MAL

Qual é a origem do pecado? Esta pergunta, encontrável no âmbito da Igreja e da teologia, amplia-se numa indagação sobre a origem do mal em todo o mundo. As perturbações da vida e a consciência de algo anormal atuando decisivamente conduzem o homem pensante a essa questão; e inúmeras são as respostas formuladas através da história. Na tentativa de obtermos uma resposta satisfatória, ouviremos duas versões distintas e exclusivas entre si: o que diz a história e o que diz a Bíblia.

3.1- Uma abordagem Histórica sobre o Mal:

Um dos "pais" da Igreja, Irineu, divulgou a idéia que o pecado originou-se na voluntária transgressão e queda de Adão no paraíso, quando, juntamente com Eva, comeram do fruto proibido, desobedecendo ao Senhor. Esta idéia disseminou-se rapidamente na igreja, até como forma de combater o agnosticismo, que considerava a matéria como a sede do mal Para os agnósticos, a pureza da alma humana tornou-se contaminada pelo contato com o corpo(matéria). O pensamento agnóstico tira do pecado seu caráter voluntário e ético, inocentando o homem e culpando o Senhor, pois criou o corpo contaminado pelo mal.

No terceiro e quarto séculos, os "pais" da Igreja grega ensinavam que a ligação entre o pecado de Adão e o dos seus descendentes era mínima, em oposição aos "pais" da Igreja latina, que afirmavam ser a atual condição pecaminosa do homem, conseqüência da primeira transgressão de Adão. Anos depois, essas duas correntes de pensamento tornaram-se totalmente opostas entre si. De um lado, o Pelagianismo, vindo da Igreja Oriental, que negava qualquer relação vital entre ambos, e do outro, o Agostinianismo, que afirmava enfaticamente que somos culpados e corruptos em Adão.

Como posição intermediária, surgiu o semipelagianismo, ensinando que a ligação com Adão gerou a corrupção do pecado, e não a culpa. Durante a Idade Média, os reformadores aderiram ao Pensamento Agostiniano, os Socinianos ao de Pelágio e os Arminianos adotaram o Semipelagianismo.

No período de influência da Filosofia Evolucionista e do Racionalismo, a doutrina do pecado original aos poucos foi descartada. A idéia do pecado foi substituída pela do mal, e este mal tinha várias explicações, conforme mencionamos no conceito filosófico.

Conforme Willian Fitch, Todas as religiões do mundo tem tentado uma resposta. O hinduísmo, tanto em sua forma clássica como na popular, "ensina que os homens maus sofrem hoje o resultado de más ações praticadas nalguma existência anterior. Cegueira, luto, fome, desastre e dos são merecidos castigos dos erros de uma vida anterior." O budismo, A resposta ao problema do mal veio a ser a extinção do desejo. Cultivar a morte do desejo veio a ser o fim supremo da vida. O mal reside no desejo; e, portanto, a libertação do mal necessariamente está na fuga ou na morte do desejo. O Nirvana é realmente a extinção de toda a realização pessoal. O Islamismo, tem a sua resposta, mas também é uma resposta que traz consigo pouca esperança. "O mal, como o bem, vem conforme a ordenação de Deus". Não há nada que possamos pensar, dizer ou fazer que não tenha sido decretado por Deus.[3]



[1] Bonnamy, juiz de instrução: A Razão do Espiritismo cap. VI. O Bem e o Mal , texto disponível em:http://naturamistica.com.br/index.php/umbanda/para-comecar/35-para-comecar/66-o-bem-e-o-mal, acessado em 09/04/2009.

[2] Vicent Cheung. O problema do mal, texto disponível em http://www.monergismo.com/textos/problema_do_mal/mal_cheung.htm

[3] FITCH, William. Deus e o :Mal. São Paulo Ed. PES: 1984. p. 24/25.


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