segunda-feira, janeiro 30, 2012

O FIM DA CRISE OU A CRISE SEM FIM? UMA LEITURA DO FECHAMENTO DO COLÉGIO BATISTA ALAGOANO E DA VENDA DO IBESA

“Todo reino dividido contra si mesmo é devastado; e toda cidade, ou casa, dividida contra si mesma não subsistirá”  (Jesus)

O ano de 2011 entrou para a história dos batistas alagoanos, não pelas conquistas e realizações (que também existiram), mas como o ano em que duas das suas mais significativas instituições de ensino foram vendidas: O Colégio Batista Alagoano que depois de quase cem anos de história encerrou suas atividades (pelo menos o colégio batista como conhecemos, já que alguns professores e funcionários pensam em reabrir o colégio) e o IBESA, que foi transferido para o controle externo. Esse foi o ponto final de um processo que se arrastou por anos.
Ao contrário do que possa parecer, o encerramento das atividades do Colégio Batista Alagoano, ou pelo menos a venda do patrimônio não representa fim de uma crise e sim mais um capitulo de uma crise que se arrasta a décadas entre os batistas alagoanos; em outras palavras, vivemos uma crise cíclica que se renova e se reinventa o tempo todo.
A frase quase profética pronunciada por Jesus de que “Todo reino dividido contra si mesmo é devastado; e toda cidade, ou casa, dividida contra si mesma não subsistirá”  serve muito bem para entender a vergonha que os batistas alagoanos precisam passar de ver o patrimônio construído no passado ser vendido para quitar dívidas.
 Quem acompanhou a denominação batista em alagoas nos últimos 20 anos viu o acirramento de uma crise que quase sempre envolvia as instituições de ensino, mas especificamente o Colégio Batista Alagoano e o IBESA- Instituto Batista de Ensino Superior. Quem não se lembra das assembléias convencionais, das discussões acaloradas, das negociações de bastidores para colocar determinadas pessoas na Junta de Educação e no Conselho? Esses e outros assuntos similares dominavam as conversas dos corredores e consumia horas e horas de trabalho das comissões que quase sempre recebia todo tipo de pressão para atender a pedidos e indicações. Para alcançar esses objetivos tanto era fundamental controlar a Comissão de Indicações e mais tarde a importante Comissão de Renovação de Entidades responsável por indicar os membros da Junta e do Conselho. Não foram poucas as vezes em que  os nomes dos indicados foram negociados para garantir o resultado final. Lembro-me das filas para indicar candidatos para a Comissão de Indicações, para a qual se competia com os melhores candidatos aqueles chamados “bons de votos”. Quais eram as motivações para tanto empenho em conquistar espaço nessas comissões, juntas e conselhos? Trabalhar? Servir? Creio que não; aqueles que realmente queriam servir (e foram muitos os que realmente queriam) não brigavam para serem indicados, não fizeram conchavos para se eleger, eles se colocaram à disposição para servir.
    No fundo as nossas assembléias convencionais serviram para alimentar a vaidade de alguns que queriam a todo custo o controle de instituições, muitos buscando promoções pessoais, cargos e muitas vezes, emprego para si e seus familiares.
Ao longo dos anos as instituições de ensino foram alvo de conflitos de interesses. Parece incrível, mas dentre as poucas instituições de ensino que não conseguiram prosperar estão as controladas batistas. Fomos os primeiro no nordeste a ter uma faculdade batista reconhecida pelo MEC, e tivemos que vender; as intrigas impediram a faculdade de prosperar, os entraves burocráticos tornaram a instituição lenta e incapaz de competir e enfrentar a crise que domina o mercado.
Os conflitos dentro do conselho em discussões intermináveis muitas vezes em torno de assuntos sem importância impediram que decisões necessárias fossem tomadas a tempo de resolver os verdadeiros problemas que ameaçavam a existência das instituições. A lentidão e inoperância do sistema burocrático sempre as voltas com comissões e GTs, tudo isso preso dentro em regimentos internos e estatutos prolixos  forneceram a receita  certa para produzir os resultados que hoje são visíveis.
Se instalou no meio das instituições uma política de cabo de guerra, impedindo o andamento normal das instituições. Divisões facções, contendas dissensões, disputas minaram as forças das instituições fragilizando a sua capacidade de enfrentar os novos tempos.
Pagamos um preço muito alto pela inércia com que lidamos com os problemas que surgiram ao longo dos tempos, preferimos fechar os olhos e fazer de conta que nada estava acontecendo, decidimos andar as escuras discutindo filigranas, e primando por uma política casuística, coando mosquitos e engolindo camelos e deixamos os grandes problemas se avolumarem.
O fim do colégio batista representa a assinatura de um atestado de incompetência que deixa uma marca indelével na memória dos batistas alagoanos, e jamais vai se apagar. Uma instituição que promoveu a educação de gerações de alagoanos acaba por causa de uma crise que não fomos capazes de administrar.
Com a venda do IBESA e do Colégio Batista Alagoano, já não temos mais por que brigar; a pergunta é a crise acabou? Vamos esperar os próximos capítulos dessa verdadeira história sem fim, cujo enredo é uma crise que insistimos em cultivar. Vamos esperar as próximas cenas, e quem viver verá.

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