Uma das marcas mais evidentes da religião na era pós moderna, tem sido a busca pela descoberta de códigos, que supostamente abre os segredos milenares que guardam informações criptografadas, conduzindo aquele que os decifrar a tomar posse de informações valiosíssimas e, portanto, a tomar posse de verdadeiros tesouros, no melhor estilo Dan Brow em “O Código da Vinci ou de...em os “caçadores de Tesouros” ou do “Código da Bíblia”, no qual se acredita que a Bíblia possui informações.
Ficção à parte, chegamos ao tempo em que a Igreja se aventura na busca de encontrar esse segredo, alguns conferencistas tem viajado o mundo ensinado as pessoas como se apossar de conhecimentos secretos que abrem as portas para o sagrado. Deus deixou de ser o senhor inescrutável, que age segundo a sua soberana vontade e tornou-se previsível, tornou-se uma marionete que age mediante comandos, frases, palavras mágicas no estilo abracadabra, palavras secretas que uma vez proferidos, abrem as portas da caverna da prosperidade da bênção espiritual e em última análise, da conquista de uma vida farta. Poderíamos intitular a busca de tais “conhecimentos como a procura do “ código sagrado”, ou ainda como “uma chave para Deus” em que consiste esse código.
A OFERTA DECIFRA O CÓDIGO DE DEUS.
Recentemente foi veiculado na Televisão e circula pela Internet, a mensagem pregada por Morris Cerullo, em um dos programas do Silas Malafaia. Em sua mensagem pregada em bom inglês e traduzido para o vernáculo, o citado pregador não teve dificuldade em afirmar claramente que Deus havia revelado a ele um grande segredo. Deus lhe disse claramente que faria algo que jamais havia feito antes, derramaria uma unção de prosperidade sobre as pessoas; acontece que Deus também lhe revelou outro segredo, qual seja a chave para receber essa unção. Segundo ele para ter acesso a tal bênção, era necessário fazer um depósito em uma conta bancária indicada e exibido no monitor da TV, para o ministério do Pastor Silas Malafaia, só depois de feito o depósito Deus derramaria a tal unção. É a queda das máscaras de dois farsantes que insistem em pregar um pseudo evangelho, pregadores de fachada, verdadeiros trambiqueiros, mercadores da fé, que ganham dinheiro vendendo pretensos “segredos divinos” enganando os incautos e lucrando com a miséria alheia.
O JEJUM COMO UMA CHAVE PARA AS REALIZAÇÕES.
Outros buscam no jejum, encontrar a chave que move as ações divinas. O jejum que sempre foi visto como símbolo de tristeza, arrependimento (juntamente com o vestir saco, deitar na cinza, raspar a cabeça, rasgar a roupa) na teologia posterior assumiu o caráter de meio pelo qual aquele que jejua conquista seus objetivos. Não sem motivos, muita gente se entrega a jejuns rigorosos, fazendo da abstinência uma chave para obrigar Deus a atender suas petições. Embora nada de errado em jejuar, há que se entender que jejuns, penitências ou outro exercício espiritual qualquer que seja não abre nenhuma porta para Deus, Deus não age mediante ações programadas. Essa visão teológica da realidade pode ser enquadrada como pura magia supersticiosa, ou magi-teologia, uma mistura entre teologia e magia. De nada adianta negar o alimento ao corpo, isto não fará qualquer diferença na manifestação do sagrado, pelo simples fato de não existir uma chave para desvendar os segredos de Deus.
3 comentários:
Grande Neilton!
Lendo esse texto seu, me lembrei de algo bem semelhante que escrevi. Acho que foi antes de você montar seu blog. De toda forma, nossas intuições estão muito afinadas. Dá uma conferida:
http://opiocoisanenhuma.blogspot.com/2009/03/entre-magicos-sacertodes-e-profetas.html
A diferença é que me falta essa simplicidade sua. Mas vou me corrigir!!!
Grande abraço meu mano!
Paulo Nascimento
Pô, Neilton. Que beleza de texto. Rapaz, você pegou pesado com os caras (adorei), rsrsrs. Concordo em grau, número e gênero. Parece que há uma forte tendência em devolver ao Ocidente a magia praticada por seus ancestrais e suplantada pelo cristianismo entre o fim da Antiguidade e o início da Idade Média. Eis aí a síntese: um cristianismo enfeitiçado, só que agora, a serviço dos interesses do capital. Pelomenos dá pra tirar de tudo isso, bons filmes de aventura e fantasia (e alguns de comédia, claro - rsrs).
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