Esse texto é fruto de uma conversa informal, travada com um velho amigo acerca da querela envolvendo os homossexuais, PL 122, e decisão do STF. Diante de algumas ponderações feitas pelo meu articulista acerca dos direitos pleiteados pelos homossexuais (que deixo de transcrever aqui por respeito) resolvi escrever e refletir sobre o assunto.
Devo dizer inicialmente que tal ponto de vista não manifesta a opinião de qualquer instituição ou grupo organizado, é uma opinião pessoal. Segundo que não estou emitindo parecer sobre a homossexualidade, como certa ou errada do ponto de vista religioso, bíblico, teológico, filosófico ou moral (isso já seria outro debate) Mas como tenho recebido inúmeros manifestos assinados, a exemplo do “Manifesto da Convenção Batista Brasileira” e do “manifesto de Afirmação da Heterossexualidade” defendendo o “sagrado direito de condenar”, textos a meu ver carregados de moralismos e por que não dizer de hipocrisia, resolvi também me posicionar.
Existe uma máxima que ensina que se quisermos que um movimento se fortaleça basta começar a combater. Aconteceu com o cristianismo lembra? Cresceu motivado pela perseguição romana. Também com a igreja Universal do Reino de Deus, que de um negócio desconhecido, numa funerária do rio de Janeiro se tornou uma potencia mundial incentivada pela perseguição empreendida pela Rede Globo que deu visibilidade ao movimento e alavancou seu crescimento.
Creio que esse movimento não nos ameaça, se soubermos lidar com ele de forma madura e inteligente. Como disse Jesus aos apóstolos que queriam proibir o homem expulsava demônios em nome de Jesus: “Não proibais (...) quem não é contra nós é por nós” Marcos 9: 39 -40. A guerra religiosa não impediu que leis fossem aprovadas em diversos países (inclusive a Argentina) e nenhum país no qual o casamento homossexual foi aprovado mergulhou no caos como se pretende afirmar que acontecerá com o Brasil.
Quanto a direitos, o Brasil está repleto de leis que protegem determinados grupos e lhes conferem direitos especiais. Lei Maria da Penha (Mulheres) Se o homem bater na mulher vai preso mas se a mulher bater no homem não tem lei específica, apenas em caso de lesão, se aplica o Código Penal. Idosos (Estatuto do Idoso) Por ser idoso muita gente goza de direitos que a maioria não possui, viajar de graça, não pegar fila, prioridade na tramitação de ações, e por aí vai. Crianças e adolescentes: (ECA) não podem ser presas, mesmo matando roubando e fazendo o diabo. E veja bem, se alguém disser qualquer coisa que ofenda um adolescente (com 17 anos e 11 meses, o bicho pega). Deficientes físicos (existem várias leis federais e estaduais, inclusive aqui em alagoas) que os protege, assegurando-lhes dignidade, Quer ver uma coisa, bate num deficiente! Negros: Vá chamar alguém de negro! É crime de racismo e preconceito de cor. Tem que ser afro descendente, mas se o negro chamar o branco de “Branquelo”, não é crime nenhum. Cotas de vagas em concursos públicos e para ingresso em Universidades. Igrejas: não pagam impostos, diferentemente das demais instituições que são obrigadas a pagar. Devemos lembrar que Jesus pagou impostos e ainda orientou os apóstolos a pagar, no famoso “Daí a Cesar o que é de Cesar” Nesse caso ninguém que seguir a Bíblia. Políticos: Possuem imunidade parlamentar, não pode ser preso normalmente, e embora todo dia saia escândalos, eles não cometem roubo, e sim apenas “desvio de verbas” Juízes, não podem ser demitidos (por crime em razão da profissão) a pena máxima que podem pegar é ser aposentado com o salário integral, será que alguém contesta isso? e por aí vai.
Sinceramente, não vejo a igreja se levantar contra nada disso. Deixa os homossexuais pra lá, eles não terão direitos maiores que a maioria dos que já citei. A lei não é igual para todos. Não entendo por que essa guerra contra os homossexuais, parece que apenas eles não podem possuir direitos; e não se pode dizer que não necessitem. São mortos, ofendidos, descriminados, perseguidos e expropriados pelo fato de possuir uma orientação sexual diferente. Eu pergunto: isso é justo?
Tem a igreja o direito de continuar julgando as pessoas baseado apenas em suas convicções religiosas? O país não é uma igreja, as pessoas não são obrigadas a seguir a Bíblia, a não ser que aceitem livremente obedecer as orientações de alguma denominação cristã. Então, ou a gente combate tudo, ou deixa que a sociedade se organize com base em leis civis que proteja a todos, independente de credo religioso, cor, idade, posição social, ou qualquer que seja a razão.
Quero lembrar que os negros só passaram a ser respeitados como pessoas, mesmo com a fim da escravidão, depois que o racismo foi criminalizado (e a Bíblia oferece base para considerar que não possuíam direitos, já que foram amaldiçoados por Deus). Acho estranho que muitos negros critiquem a busca dos homossexuais por seus direitos.
A mulher só passou a ter um pouco de dignidade depois que se criminalizou a prática de bater nelas pelo fato do agressor ser o marido, namorado, ou simplesmente mais forte. E muita gente que critica o direito dos homossexuais são mulheres que desfruta de direitos que apenas elas possuem.
Muita gente que se coloca na linha de frente para combater a PL 122, aproveita os direitos concedidos aos idosos, aos deficientes, às suas crianças, igrejas que levantam bandeiras contra a homofobia, se apegam aos direitos adquiridos, muito embora muita gente os utilize para enriquecer sem pagar impostos.
Não se está dizendo que os problemas acabaram, mas pelo menos há um amparo jurídico para punir os infratores. Creio para que se possa viver em sociedade é necessário garantir que todos vivam com dignidade, desde que suas ações não causem danos aos outros. Não vejo como o direito dos homos represente ameaça aos héteros. Temos que nos lembrar que o Brasil não é um país feito apenas de héteros, querendo ou não ele é feito de heterossexuais e de homossexuais que precisam ser respeitados como cidadãos. Como igreja, deveríamos ser os primeiros a defender a vida e a dignidade dessas pessoas. Vamos parar com essa tendência de colocar a fé acima do amor, a Bíblia recomenda amar a todos e não faz exceção. Vamos deixar de julgar e condenar as pessoas, se elas estiverem erradas, prestarão contas a Deus. (A Bíblia é taxativa não julgueis e não sereis julgados) Se queremos obedecer a Bíblia, antes de sair por aí caçando homossexuais, lésbicas, e seus congêneres, devemos nos lembrar da orientação que ensina a não julgar nem condenar ninguém. Leia Mais…