Quero prestar essa homenagem ao nosso reitor e professor Neilton Santos Azevedo, memorando a figura do titã Prometeu.
Na mitologia grega, foi dado a Prometeu e a seu irmão Epimeteu a tarefa de criar os homens e todos os animais. A Prometeu foi encarregado a supervisão da tarefa e a seu irmão foi conferido dar a cada animal os dons variados de coragem, força, rapidez, sagacidade; Asas a um, garras a outro, uma carapaça protegendo um terceiro, e assim por diante. Porém, quando chegou à vez do homem, o irmão de Prometeu tinha gastado todos os recursos nos outros animais. Por conta disso, ao homem, que para a mitologia grega, fora feito do barro não lhe foi dado nenhum atributo.
Para que esse homem não fosse abandonado à própria sorte, Epimeteu apelou a Prometeu, para que este fizesse algo em favor daqueles mortais. Prometeu vendo a situação onde se encontrara o homem decidiu roubar o fogo dos deuses e entregar a eles. Todavia, o fogo era exclusivo dos deuses. Mesmo assim, Prometeu executou seu intento.
Como castigo a Prometeu, Zeus ordenou que ele fosse acorrentado no monte Cáucaso e ali, uma ave de rapina lhe dilaceraria o fígado, que todos os dias, regenerava-se. Esse castigo duraria 30.000 anos.
O que Prometeu entregou aos homens mudou o seu fatídico destino. A partir do fogo o homem conquistou um, como diz Neilton, “caleidoscópio” de saberes que é o conhecimento que temos hoje, onde chegamos a conhecer desde as grandezas astronômicas do macrocosmo até as grandezas quânticas do microcosmo.
Eu iniciei minha fala contando, em breves palavras, a tragédia de Prometeu, pelo fato de ser de domínio público uma analogia de Prometeu a figura do professor, do educador.
Você, Neilton Santos Azevedo, que até a presente data está Reitor do SETBAL, e tem dentro de suas atribuições a tarefa de supervisionar. Também ousou nos entregando o fogo da teologia. Com isso não estou dizendo que você nos forjou. Não estou dizendo que somos crias suas, não estou dizendo que ao chegarmos no SETBAL não tínhamos nenhuma experiência teológica. Más sim quero dizer que você incendiou os nossos juízos! É fato, e tenho testemunhos, que alguns iam dormir com a cabeça fumegando! Se é que é possível dormir assim?! Em nossas mentes, esse fogo consumiu construções ideológicas, doutrinárias, confessionais; conceitos sobre o divino e o humano.
Também como Prometeu você não deixando os teólogos, que aqui se encontram e a tantos outros que passaram pelo SETBAL, entregues a própria sorte. Mas sim, contribuiu para que escolhêssemos a que caminho nos entregar. Durante esses anos onde você assumiu ser professor em muitas das disciplinas da grade curricular do SETBAL, também como Prometeu, foi punido. Desta feita, não pelos deuses gregos, ciumentos por ter partilhado o fogo, com os meros mortais humanos, mas pelos que acreditam que o inquietante saber acadêmico deve ser restrito as paredes dos seminários teológicos, como bem falou ontem o professor Jairo Lucas, em sua reflexão, em nosso culto de Ação de Graças. E nesse aspecto esses são semelhantes aos deuses, inseguros, imperfeitos.
Você também teve seu castigo diário. Não. Não teve o mesmo destino agonizante daquele titã. No seu caso, a punição vem de verdugos menos nobres. Você foi fustigado covardemente por caricaturas de homens travestidos de lideres religiosos, que se acham os detentores do o que é melhor para o futuro da nossa denominação. Ano a ano, as críticas do modelo pedagógico ou do estilo didático, estavam presentes. E vinham de muitos lados. Esses açoites verbais feitos pelas costas, sem o direito de resposta, também são agonizantes, pois com o passar do tempo desgastam e consomem.
Com essa homenagem quero lhe entregar um unguento, que tem a intenção de agir terapeuticamente onde estão estas feridas. Ele é uma tentativa de talvez lhe dar refrigério a essas dores, e lhe incentivar a continuar na caminhada, onde quer que você esteja ou onde quer que você vá. Também eu o ofereço a todos e todas que verdadeiramente contribuíram para a nossa formação teológica e nos deu ferramentas para aperfeiçoar nosso vocacionado.
Não encontrei um nome para dar a esse bálsamo, então pensei em nomeá-lo GRATIDÃO.
Obrigado por nos ensinar identificar as amarrações e armações teológicas; Obrigado pelos conselhos dentro e fora da sala de aula; Obrigado por nos olhar com misericórdia, e não como concorrência; Obrigado por nos receber como irmãos e não somente como alunos; Obrigado por nos provocar a reproduzir os valores do Reino de Deus e a continuar a promover o Evangelho de Jesus Cristo.
A você, Neilton Santos Azevedo, muito obrigado. E até um novo encontro.
OBS.: Os parágrafos 2, 3 e 4 foram adaptados da pesquisa sobre Prometeu extraído do Wikipédia, a enciclopédia livre.
O texto foi escrito e lido pelo formando Johndalison Tenório da Silva no dia 17/12/2010, no templo da Igreja Batista do Pinheiro, durante a solenidade de formatura dos graduandos em Teologia do Seminário Teológico Batista de Alagoas- SETBAL, do qual fui professor por 18 anos e reitor por 10 anos.
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