Vivemos um tempo de profundas contradições; uma verdadeira simbiose entre a loucura e lucidez. Verificamos, no presente, que de um lado prolifera o fanatismo religioso, o radicalismo teológico e consequetemente a infantilidade, reduzindo a experiência religiosa a uma espécie de cativeiro eclesiástico. Por outro lado, assistimos a multiplicação de movimentos religiosos que transformam o cenário da religiosidade brasileira em um verdadeiro palco, onde hábeis ilusionistas se apresentam, transformando a espiritualidade numa panacéia capaz de resolver todos os problemas; e a oração, numa cornucópia de onde jorra a realização de todos os desejos, desde os mais sinceros aos mais voluptuosos. Nesse cenário, a religião deixa de ser algo a busca pelo sagrado e em última instância o encontro com o outro que caminha ao nosso lado; ou ainda o desejo de desenvolver e aperfeiçoar as mais sublimes virtudes inerentes ao ser humano; ela se torna o meio mais fácil de realização de desejos incontidos, através de atitudes egoístas de pessoas que buscam apenas se locupletar utilizando para isso de forma infame e perversa, a miséria alheia.
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terça-feira, novembro 10, 2009
SAIA CURTA, SAIA JUSTA, VIOLÊNCIA E TRAPALHADAS: AS ANTI- LIÇÕES DA UNIBAN
Surpreso eu fiquei com a falta de habilidade dos dirigentes da citada instituição, ao lidar com o assunto, transformando um copo d’água numa tempestade, dando uma demonstração pública de incompetência, e preciosas lições daquilo que não se deve fazer no contexto educacional. Causa espécie, ver que pessoas pelo menos aparentemente tão bem formadas, sejam capazes de trapalhadas jurídicas tão infantis, a ponto de dá inveja ao Chaves e ao Kiko, sem querer ofender os dois.
De qualquer forma, vamos tirar algumas lições desse verdadeiro imbróglio na qual se meteram os dirigentes da Uniban.
Saia curta não pode, ela atenta contra a moral e os bons costumes da universidade. Garotas decentes não vestem saia curta, isso provoca reação de uma comunidade que ainda vive na idade média, alheia à realidade que os cercam. Os alunos da Uniban (e não são todos tem gente boa e educada nesse meio) se parecem mais com alunos de uma universidade Talibã, localizada no coração do Afeganistão. Que tal adotar a Burka como farda para todas as alunas? Isso com certeza deixaria os Aiatolás da Uniban com suas consciências tranqüilas. Santa hipocrisia.
A segunda lição é: Violência e intolerância podem. Parece que o regimento interno da famigerada instituição se esqueceu de acrescentar além da preocupação com a falsa moralidade, também o respeito para com a liberdade dos outros. Parece que esta aula os dirigentes faltaram. O Brasil é um país democrático, as pessoas tem direito de se vestir como bem entenderem; e ainda que seja tolerável a restrição em determinados ambientes, isso deve ser feito dentro dos limites da lei, respeitando a Constituição Federal, mas parece que este documento também é um ilustre desconhecido na Uniban.
Não se pode aceitar que pessoas sejam hostilizadas, achincalhadas, ridicularizadas, agredidas, e finalmente julgadas ao arrepio da lei e sentenciadas a expulsão sumária sem direito de defesa. Doe ver um advogado na televisão tentando explicar o inexplicável. Parece que estou diante do conto infantil Alice no País das Maravilhas que narra a história de um estranho julgamento que submeteu Alice a um Júri Popular.
A presidenta do Júri era a Rainha de Copas, que tinha escolhido também os membros do Conselho de Sentença. Alice respondia pelo crime de lesa-majestade, sem ter idéia do que se tratava, enquanto que a Juíza era sua própria inimiga.
Composto o Júri, a juíza grita: "Cortem a cabeça".
Alice protesta: " Mas, e o julgamento?"
A presidente do Júri, responde: " Primeiro a sentença e depois o julgamento".
Por Falar em saias, no final, de um atrapalhado processo de expulsão e revogação, que bem poderia inspirar um filme do Renato Aragão; os dirigentes da Uniban vestiram SAIAS JUSTAS, nem curta nem longa (para não dar problemas), sendo este até agora o último ato dessa verdadeira comédia educacional. Parece que nesse vestibular, os dirigentes e a própria universidade foram reprovados. Santa ignorância.
sábado, novembro 07, 2009
UM MUNDO ESTRANHO
Descobri que o mundo é mesmo estranho.
As pessoas não se entendem;
não se gostam;
não se aceitam; nem gostam das outras;
não aceitam as outras, nem entendem as
outras;
nem são entendidas, nem aceitas;
nem aceitam serem aceitas.
É esse é mesmo um mundo estranho!!
SOBRE MORANGOS, CHOCOLATES E DESEJOS
quinta-feira, novembro 05, 2009
A SEDUÇÃO DO MUNDO ENCANTADO
A idéia do encanto permeia o imaginário coletivo da raça humana, talvez uma espécie de neurose primitiva, uma fantasia retardada que existe em todos nós. Desde cedo ouvimos falar de floresta encantada, reinos encantados, animais e princesas que vivem em castelos encantadas; príncipes que subsistem em forma de sapos e que são desencantados com o beijo da princesa amada; fadas madrinhas que realizam sonhos, duendes, elfos, bruxas, magia, feitiços, mistérios e segredos milenares. Basta uma história que envolva a idéia do encanto e o sucesso é garantido. A priori, não há nada de errado com isso, afinal a fantasia cumpre um papel importante em nossa fase infantil; o problema é quando essas imagens e fantasias perduram na idade adulta, lançando o ser humano em um mundo povoado de seres encantados que jogam com o nosso destino e de certa forma passa a decidir a vida das pessoas aqui e agora.
Podemos dizer que o encanto do mundo se manifesta na crença de anjos, arcanjos, demônios, querubins, serafins e demais entidades que habitam o mundo religioso. A crença em tais seres nos coloca em contato com esse mundo mágico, repleto de segredos que desafiam a nossa imaginação. Somos seduzidos pela idéia de que para além da realidade visível, existe um mundo encantado, de seres invisíveis que apesar de não vermos são reais. Viver nesse mundo irreal é deixar de viver a realidade com todas as suas implicações, é viver em mundo de quimeras.
Reconheço não ser fácil quebrar esse encanto, ele exerce fascínio sobre todos nós, de forma que muitas vezes é preferível viver num mundo ilusório a encarar a realidade. Despovoar o mundo dos seres encantados que criamos é uma tarefa que exige muito esforço de cada um de nós. Quebrar o encanto do mundo é adquirir uma visão adulta da realidade e deixar a fantasia do encanto para o universo infantil; só assim, poderemos desfrutar a delícia de viver o verdadeiro encanto de apreciar o mundo com toda sua beleza, sabores e magia. De gozar os prazeres que a vida nos oferece e desprezamos passando a viver prisioneiros de nossos castelos assombrados pelas bruxas que habitam em nosso inconsciente.
Em outras palavras se quisermos viver encantado com mundo precisamos ter coragem e determinação para deixar o mundo encantado.