quinta-feira, junho 16, 2011

THEOSIS: A DEIFICAÇÃO DA HUMANIDADE (PARTE 7)

Chegamos à ultima publicação sobre o tema da Theosis

UMA FUNDAMENTAÇÃO GNÓSTICO-FILOSÓFICA PARA A DOUTRINA DA DIVINIZAÇÃO DO HOMEM

As raízes da doutrina da Divinização humana podem ser encontradas nos postulados do Gnosticismo, se aceitarmos que o autor de II Pedro estava se posicionando contrariamente as doutrinas Gnósticas emergentes no seu tempo, será difícil entender as razoes pelas quais, temas teológicos como este, seja abordado aqui pelo autor, é provável que o objetivo seja não simplesmente contestar ou negar o seu valor, e sim, fornecer o verdadeiro sentido para verdades, tão profundas e sutis dos propósitos da salvação Em oposição aos postulados teológicos do Gnosticismo.o Apóstolo apresenta seu ponto de vista

Os fundamentos da doutrina gnóstica se encontram no próprio texto sagrado conforme lemos:

“E disse Deus: Façamos o Homem à nossa imagem conforme a nossa semelhança (Gênesis, 1: 26)

Seguindo esta passagem bíblica fundamental – e atendendo à Queda do Homem na matéria -, os gnósticos cristãos tiraram daí todas as conseqüências, pois, com a Queda (que obscurece a sua dignidade espiritual, o Homem, embora mantendo inteira e imanente a imagem divina, perdeu, entretanto a semelhança divina que tinha no Jardim do Éden, mantendo-se esta apenas potencial ou virtual. Essa “semelhança divina”, deverá ser reencontrada e readquirida.

Para os Gnósticos, o alvo da redenção era a participação do homem na natureza Divina, ou seja: a participação do remido no Aeon, emanações angélicas de Deus, tornando-se uma partícula da natureza Divina. Trazendo em si alguns aspectos dos Atributos Divinos, assim a participação do homem na Divindade, consistia na transformação do homem em um Aeon. Materializado em partículas individuais do ser Divino, e ainda de acordo com a Teologia Gnóstica esse novo Aeon era absorvido pela Divindade perdendo sua individualidade e sua identidade. Segundo o comentarista Champlin, a Teologia do autor da Carta de II Pedro vai muito além do pensamento Gnóstico, que aceitava uma participação secundária do homem na Divindade apenas como “AEONS” ou emanações. Para os defensores da Divinização da humanidade, a nossa participação vai muito além e é muito mais real, assim afirma: Haveremos de ser cheios de toda plenitude de Deus (...) chegando a manifestar todas as suas perfeições, todos os seus atributos”. (CHAMPLIN P. 180) A Teologia da Divinização do homem portanto, expressa em termos reais apresenta alguns exageros, que devem ser considerados por exemplo: Ao afirmar a participação na divindade a ponto de manifestar “todas as suas perfeições” e todos os seus “atributos”, podemos afirmar que a doutrina atinge o seu ápice com uma “deificação real” do homem tornando-se por assim dizer “deuses”, seres onipotentes capazes de realizar qualquer coisa, este é o ponto em que procura evitar a maior parte dos defensores da doutrina da “Divinização do homem”, no entanto rejeitando, portanto, a sua “deificação”

Ao analisar a possível absorção do homem em Deus. A teologia Gnóstica é ampliada pelos defensores desse postulado, dando a ela uma aplicação mais pessoal, em função dos seus pressupostos teológicos. “Mais a verdade é que os remidos participarão da Divindade, sem perderem sua identidade pessoal, tal como o filho é dis­tinto do seu pai, embora ambos tenham a mesma natureza”. (CHAMPLIN P. 180)

Seguindo esta perspectiva, é responsabilidade do Homem readquirir essa dignidade espiritual, que ele possuía in principio e que perdeu com a Queda, passar enfim da potencialidade à realidade divina. Para tal são precisas duas coisas: a existência da potencialidade (uma graça divina) e a realização dessa virtualidade (pelo esforço pessoal e pela graça), isto é a divinização, os que são, na realidade, dois momentos indissociáveis do percurso do cristão. Recorde-se que para a Gnose, apesar da Queda, “existe no Homem uma parcela divina ou espiritual que provém do mundo superior e que aspira a ser purificada da ganga que a aprisiona, a fim de retornar à sua pátria celeste” (J.M. Ansembourg, La gnose et les gnoses, in “L’Esprit des cchoses”, vol. III, nº. 8-9, CIREM, Guérigny);

Segundo a crença gnóstica, “um ou vários mediadores descem através dos Éons (ou Aions) para trazer aos Eleitos a Gnose que lhes dará aqui em baixo a purificação e a via de repatriamento, isto é, a regeneração (para os gnósticos cristãos). O último e o único Mediador é o Cristo (que transmitiu secretamente a Gnose aos seus discípulos” (J.M. Ansembourg, La gnose et les gnoses, in “L’Esprit des cchoses”, vol. III, nº. 8-9, CIREM, Guérigny.)

Para a Gnose, apesar da Queda, “existe no Homem uma parcela divina ou espiritual que provém do mundo superior e que aspira a ser purificada da carne que a aprisiona, a fim de retornar à sua pátria celeste”; além disso, “um ou vários mediadores descem através dos Éons (ou Aions) para trazer aos Eleitos a Gnose que lhes dará aqui em baixo a purificação e a via de repatriamento, isto é, a regeneração. Para os gnósticos cristãos. O último e o único Mediador é o Cristo que transmitiu secretamente a Gnose aos seus discípulos.

A palavra gnose aparece já no Novo Testamento 29 vezes – por exemplo, a riqueza, a sabedoria e a gnose de Deus (Rom., 11, 33), o perfume da gnose (II Cor. 2, 14), a chave da gnose (Luc., 11, 52) e Crescei na graça e na gnose de Nosso Senhor e Salvador Jesus Cristo (II Pedro, 3, 18) -, com o sentido de ciência secreta, reservada a uma elite (outra “antipatia” a que os gnósticos já nos habituaram…), a qual é transmitida por uma Unção que engendra o Corpo de Glória, fim do processo de divinização, pois ele consiste em tornar o homem inteiro perfeito (“teleios”) em Cristo (I Col., 1: 26-28).

UMA PROPOSTA PANTEÍSTA:

O ESTOlClSMO

Para os filósofos estóicos “A Natureza Divina”, ou Seja, a “THElA PRUSlS”, era uma realidade global, podendo assim ser compreen­dida como urna proposta panteísta para a Doutrina da divinização da humanidade, urna vez que natureza envolve os fenômenos físicos, para ele Deus, homem, natureza física, formavam o “Panta” ou seja a “Theia Phusis”, quanto a proposta do estoicismo, argumenta-se que o sitz ln Leben deste texto aponta para urna compreensão de aceitação de que o salvo participava direta e ativamente da natureza Divina, não como urna atividade globalizante e sim corno transformação da natureza huma­na em uma outra natureza, marcada pela atuação Divina na formação do novo ser .Champlin não tem dúvida quanto a esta verdade sustenta este que: “Os remidos na qualidade de filho chegarão a participar de fato do “tipo” de vida de Deus. Essa é a única maneira em que esse termo poderia ter sido entendido nos dias, em que esta epistola foi composta”. (CHAMOLIN p. 180)

A TEOSOFIA:

A nova era tem como um dos seus objetivos a divinização do homem, por isso ele é parte central da sua doutrina. Acreditando que tudo que exista é Deus, no homem Deus se encontra na sua expressão máxima. Dentro do conceito da nova era o homem não é outra coisa senão Deus. Uma das maiores pensadoras da teosofia assim se expressa::
Vocês acreditam que o homem é um deus Por favor, diga Deus e não um deus. Ao nosso ver, o homem é o único Deus que podemos conhecer. E como poderia ser de outra forma? Nosso postulado aceita como verdadeiro que Deus é um principio universalmente difuso, infinito e, sendo assim, como poderia o homem sozinho escapar de ser embebido por essa deidade? Chamamos "Pai do céu" a essa essência deifica que reconhecemos dentro de nós em nosso coração e em nossa consciência espiritual (Helena P. Blavatsky).
Como deus a nova era diz que o homem é causa de tudo que existe na humanidade, ou seja, o bem e o mal, pois tudo reside dentro dele. Nesse conceito dizem também que o homem vem passando por um estado progressivo de consciência em que ele vai chegar a sua divinização, e que cristo não é uma qualidade exclusiva de Jesus, mas que o homem também pode chegar através de sucessivas reencarnações, ainda sobre esse assunto o diabo segundo eles não existe como um ser pessoal.

UMA LEITURA ANTROPOTEOLÓGICA: A DEIFICAÇÃO DO HOMEM

Entende-se por antropoteologia a corrente mais radical que fundamentada na doutrina da Theosis, afirma uma deificação expressa do ser humano. Esta proposta encontra eco também na teologia dos mórmons, na nova era e entre os defensores da confissão positiva.

Um dos maiores expoentes dessa teologia é Kenneth Hagin, afirma ele: “Você é tanto uma encarnação de Deus quanto Jesus Cristo o foi. Cada homem que nasceu de Deus é uma encarnação e o cristianismo é um milagre. O crente é uma encarnação tanto quanto foi Jesus de Nazaré”. (HAGIN, Word Of Faith, pg.14)

Ao afirmar o homem como encarnação da Divindade, Hagin parece acreditar em uma origem Divina do homem tal qual Jesus, Equiparando o homem ao próprio Cristo em todos sentidos.

Copeland vai além ao afirmar explicitamente a Divindade, ou a deidade do salvo. “Você não tem um deus dentro de você, você é um Deus”. (Kenneth COPELAND, Fita Cassete The Force Of Love BBC 56 Citado por Paulo Romeiro em Supercrentes, pg.50)

No pensamento de Copeland, a identificação do homem com Cristo, não o torna apenas Co-Participantes da “Natureza Divina”, torna o salvo o próprio Deus, com todas as implicações teológicas que isso possa trazer. Por exemplo, o politeísmo resultante.da proliferação de novos deuses

Para os protagonistas da doutrina da Theosis: “Até que compreendamos que somos pequenos deuses e comecemos a agir como pequenos deuses, não poderemos manifestar o Reino de Deus”. (Earl PAULK, Satan Un Masked, p. 97 apud Romeiro, p. 50)

REFERENCIAS

1 -GREEN, Michael. II Pedro e Judas, Introdução e Comentário série, Cultura Bíblica, 1ª Edição Co-Edição Vida Nova, São Paulo: Mundo Cristão, 1983.

2 -COTHENET, Edouard. As Epístolas de Pedro, Cadernos Bíblicos, São Paulo: Ed. paulinas, 1986.

3 - HAGGLUND, Bengt. História da Teologia, Tradução Mário L. REHFELDT,, Porto Alegre: Ed. Concórdia, 3ª Edição, 1986.

4 -CHAMPLIN, Russell Norman. O Novo Testamento Interpretado Versículo por versículo, Vol. VI , Guaratinguetá/SP: Ed. A Voz Bíblica Brasileira.

5 -MARTIN, Ralf P. Colossenses e Filemon, Introdução e Comentário, Série Cultura Bíblica, 2ª Edição, São Paulo: Co-Edição Vida Nova, Mundo Cristão, 1987.

6 -RIENECKER, Fritz; ROGERS C. Leon, Chave Lingüística do Novo Testamen­to Grego, Tradução Gordon Chow e Julio Paulo Zabatiero, São Paulo: Edições vida Nova, 2ª Edição, 1988.

7 – BÍBLIA DE JERUSALÉM. Nova Edição Revista, 3ª Impressão, 1987, São Paulo/SP. Edições paulinas.

8 – BÍBLIA VIDA NOVA, Edições Vida Nova.

9 - BRUCE, F.F. João, Introdução e Comentário, Série Cultura Bíblica, 1ª Edição, São Paulo: Co-Edição Vida Nova/Mundo Cristão, 1987

10 - ROMEIRO, Paulo. Supercrentes, o Evangelho Segundo Kennet Hagin, Valnice Milhomens e os Profetas da Prosperidade, São Paulo SP: Ed. Mundo Cristão, 1993.

11-REINOLDS, Noel B, MILLET, Robert L.Cristianismo Nos Últimos Dias Dez Questões Básicas (M&R-98) Provo, Utah: FARMS, . P. N/A

12 - ANES, Jose Manoel, A Theosis. Criação do Homem Divino, Instituto São Thomas de Aquino, 2005

13. MACGRATH, Alister E. Teologia – Sistemática, Histórica e Filosófica, Uma Introdução à Teologia Cristã, São Paulo Shedd, , 2005

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