quarta-feira, junho 08, 2011

THEOSIS: A DIVINIZAÇÃO DA HUMANIDADE (PARTE 5)

A DIVINIZAÇÃO DA HUMANIDADE, PARTICIPAÇÃO NA VIDA DE DEUS:

A proposta de II Pedro para os fiéis é uma participação na própria natureza de Deus, somos convidados a mergulhar numa caminhada com Deus, que aos poucos vai transformando a nossa natureza, “modificando” os nossos membros carnais e “gerando” o novo ser espiritual, incorruptível o corpo carnal, mortal vai cedendo lugar ao nascimento do novo ser em Cristo, “o que é nascido do espírito é espírito” assim como o que e nascido da carne, é carne, conforme sustenta Jesus a Nicodemos (João 3: 6). De forma contundente, a versão da Bíblia Vida Nova apresenta significativa nota sobre este tema. Ao analisar o conteúdo teológico, escreve em síntese: “Deus nos convida a Co-Participar da sua natureza e nos liberta do pecado”. (Bíblia Vida Nova, nota de rodapé)

Embora alguns autores tentem ver na expressão “Co-participantes da Natureza Divina” apenas uma indicação para a vida cristã, sem maio­res implicações, a defesa de uma doutrina mais especifica fica clara em diversos escritos. A aceitação da filiação Divina, por parte do fiel promove o ingresso do mesmo na atmosfera “restrita” ã Divindade assu­mindo parte da natureza do próprio Deus. Este ponto de vista encontra eco entre escritores contemporâneos conforme lemos a seguir: “Através da concretização dessas promessas na experiência real, devido ao poder do espírito, chegamos a compartilhar do próprio tipo de vida de Deus”. ( CHAMPLIN, Vol.VI, pg.179)

Uma análise deste comentário nos possibilita ver que o autor espera da relação do homem com Deus. Não simplesmente que o homem seja aceito por Deus numa “adoção” espiritual, a abordagem que o autor faz da proposição de II Pedro 1:4, é que o ser humano pela manifestação do Espírito Santo e pela concretização das promessas passa a fazer parte do viver de Deus, isto implica dizer com base neste pres­suposto teológico, que ele passa a caminhar não apenas em direção a “Santificação mais vai muito além, passa a trilhar o caminho da “Divinização”, este argumento pode ser reforçado pela tese levantada a seguir: “Um homem pode ser transformado ao ponto de receber a Divindade do Filho de Deus”. (CHAMPLIN, Vo1.VI, pg.179 )

Não há dúvida quanto à interpretação deste texto na teologia de alguns exegetas, a compreensão desta doutrina é que o homem criado como ser inferior, pode tornar-se maior que os anjos, uma vez participantes da natureza Divina que é infinitamente superior. Os paralelos com outros textos segundo o autor de Millenium, embora não façam referência expressa corroboram com a idéia de uma Co-Participação na natureza do Pai. É o que expressa o apostolo Paulo: “Porque os que dantes conheceu também os predestinou para se­rem CONFORME A IMÁGEM DO SEU FILHO, a fim de que ele Seja o primogênito entre muitos irmãos”. (Romanos 8:29, Imprensa Bib1ica) (Grifei)

O significado das palavras de Paulo pode ser espiritualizado, dando a elas uma conotação metafórica, no entanto Deus chama o homem para uma transformação radical a se tornar conforme a imagem do seu filho e revela em Cristo o novo homem, primeiro (primogênito), entre muitos outros seriam os outros diferentes em natureza ou é imposta a filiação uma identificação em termos de natureza. A filiação Divina irriga a natureza carnal da natureza espiritual necessária a identificação com Cristo. Parece que Paulo aceitava esta possibilidade ao es­crever um dos mais significativos textos quanto a nossa transformação. “Mais todos nós com o rosto descoberto, refletindo como um espelho a glória do Senhor, somos transformados de Glória em Glória na mesma imagem, como pelo Espírito do Senhor.” (11 Coríntios 3:18, Imprensa Bib1ica ) Paulo acreditava numa transformação contínua da imagem do próprio objeto, o cristão deve refletir a imagem de Cristo como um espelho e receber a mesma imagem, ser transformado naquilo que Cristo é em essência, a argumentação é que esta doutrina era conhecida do após­tolo Paulo, e teria sido esta a intenção dele ao escrever este texto, muito embora não exista prova pelo menos em tese de conhecimento de Paulo do conteúdo teológico desta doutrina, o seu texto é elucidativo, e lança luz sobre o obscuro ambiente doutrinário expresso aqui, é assim que o comentarista analisa a expressão de Paulo contida neste versículo, segundo ele, esse texto:“Ensina que o Espírito Santo nos transforma segundo a imagem de Cristo, para participarmos de sua natureza e glória,portan­to os remidos participarão da Divindade do mesmo modo que o Filho”. (Millenium, Vol.VI, pg.179)

O apóstolo são João fala do tipo de vida do qual participa, aquele que se une a Cristo o conceito de vida eterna, não se adapta aos elementos inerentes à humanidade, pois a eternidade é algo restrito à Divindade. Assim tanto Jesus como Paulo, falou do tipo de vida que o fiel receberá, analisemos: “Assim como o Pai que vive, me enviou e eu vivo pelo Pai, assim quem de mim se alimentar também viverá por mim”. (João 6:57, Imprensa Bíblica) O desafio da teologia e em especial da exegese bíblica, é conhecer e entender plenamente o que se esconde por trás das palavras de Jesus, conceitos fechados, determinados aprioristicamente tendem a minimizar ou reformular as sentenças, e ou as verdades que por qualquer motivo não se enquadrem, nos limites.da exegese tradicional Qual o significado teológico das expressões “eu vivo pelo Pai” e “quem se alimentar de mim, viverá por mim”. Alguns escritores têm visto nesse texto algo muito mais que um simples “viver em função de”, como pode ser compreendido em principio, para F.F. Bruce; a exegese deste texto seria a seguinte: “O filho que recebe sua vida do Pai, tem autoridade para dar vida aos que crêem Nele, com a distinção: o que Ele, recebe é “vida em si mesmo”, o que eles recebem é vida nele, em cada ponto. A unidade de Pai e filho é reproduzida na unidade de Cristo e os crentes”. (F.F. BRUCE, João Introdução e Comentário, p.145)

Não é muito fácil entender “unidade de Pai e Filho” reproduzida na unidade de Cristo e os crentes, a não ser por uma atuação específica do espírito na vida do homem manifestando o Cristo em seu viver de tal maneira que de forma progressiva, Cristo domine o viver na carne de maneira tal que a expressão de Paulo não se torne vazia, “vivo não mais eu, mais Cristo vive em mim”. (Gálatas 2:20) O autor do comentário Millenium analisa da seguinte forma ao interpretar o texto: “Os trechos (...) ensinam a doutrina que os redimidos virão a participar do próprio “tipo de vida” de Deus, o qual Cristo como homem, foi o primeiro a possuir. Agora Cristo tem o poder de transmiti-Ia a outros”. ( Comentário Millenium, Vo1. VI, pg.179)

Teologicamente é possível em termos da participação que os salvos terão na eternidade, muito embora, a humanidade seja afirmada junto a categorias espirituais como se apenas o espírito participasse na vida eterna, no entanto a teologia paulina acrescenta alguns ingredientes que merecem destaque, Paulo fala da ressurreição do corpo, como um dos componentes necessários a nova vida. Ao falar da ressurreição Paulo coloca detalhes, que merecem uma análise mais aprofundada no ontológico capítulo 15 de I Coríntios, lemos:

“... Carne e sangue não podem herdar o Reino de Deus; nem a corrupção. v.“Porque é necessário que isto que é corruptível se revista da incorruptibilidade e que isto que é mortal se revista da imorta­lidade”. (v.53)

“Eis aqui vos digo um mistério: nem todos dormiremos, mas todos seremos TRANSFORMADOS. ( I Cor. 15:5l)

Analisemos que são conjugados aqui elementos inerentes a humanidade em relação com aqueles próprios da Divindade. “Carne e Sangue” são elementos necessários ao homem, se estes não se enquadram na nova vida, como falar de “homem” sem carne e sangue? Incorruptibilidade é atributo Divino, o novo ser será Incorruptível, continuará sendo homem? Paulo fala da passagem do mortal” (humano) para o imortal (Divino) e reconhece aqui um mistério, aguarda com convicção a transformação(seremos transformados), transformação de que e para que? Eis o mistério na visão de Russell Champlin, o mistério pode ser pensado assim: “Os remidos possuirão a mais elevada forma de vida possível, tornando-se “filhos de Deus”, participantes da própria forma de vida Divina”. (CHAMPLIN, Comentário Millenium, Vo1.VI, p.179)

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http://sagradofilosofico.blogspot.com/2011/06/theosis-deificacao-da-humanidade-parte_09.html

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