quarta-feira, abril 14, 2010

MALANDRAGEM UNIVERSAL

Confesso que fiquei enojado, para não dizer revoltado; ao assistir as cenas de um lider da Igreja Universal do Reino de Deus (divulgadas na Internethttp://correio24horas.globo.com/noticias/noticia.asp?codigo=56142&mdl=27) ensinando seus pastores a trapacear para manipular a fé de pessoas crédulas, com o único objetivo de arrecadar dinheiro; para tanto prometia receitas para vencer a crise financeira ocorrida durante o ano de 2008.
Não desejo julgar ninguém aqui; não sou juiz do mundo e nem pretendo ser. As imagens e o audio no entanto, falam por si mesmos; não se trata de opiniões de terceiros sobre o fato; são gravações em tempo real, que os mesmos sequer negam a sua veracidade, apenas tentam justificar o injustificável.
Quais são as lições que aprendemos desse epsódio:
1. Nesse país a picaretagem sempre será recompensada: De nada adianta mostrar ao mundo essas imagens que envergonham a igreja evangélica brasileira e em especial os pastores sérios desse país. Os templos dessas arapucas, desses mercados espirituais travestidas de igrejas continuam cheios e o dinheiro continuará a jorrar em suas torneiras. Enquanto houver pessoas que acreditam em tudo que se diz, de duendes a milagreiros, os embusteiros, os picaretas país terá um campo fertil para ganhar dinheiro de forma fácil. Nada mudou e nada vai mudar.
2. De nada adianta a honestidade e o trabalho sério: Não estou defendendo a malandragem e a desonestidade como modo de vida. Mas convenhamos; é duro ser honesto nesse país. As Igrejas sérias e os pastores honestos que respeitam seus liderados e não exploram a fé dos mais fracos. Tais pessoas não gozam do respeito e da admiração que os ilusionistas de plantão desfrutam. Acho que chegamos ao tempo no qual se cumpre a profecia de Rui Barbosa: "De tanto ver triunfar as nulidades, de tanto ver prosperar a desonra, de tanto ver crescer a injustiça, de tanto ver agigantarem-se os poderes nas mãos dos maus, o homem chega a desanimar da virtude, a rir-se da honra, a ter vergonha de ser honesto".
3. As pessoas gostam de serem enganadas: As mentiras utilizadas pelos "malandros" da Universal (e é assim mesmo que eles se tratam no vídeo) são tão obvias e velhas, que não dá para entender como alguém ainda acredita nessas babozeiras. Acreditar que entregar tudo que se tem nas mãos de quem quer que seja, seja uma determinação de Deus para abençoar quem precisa é um sinal de infantilidade espiritual. Na verdade, os "malandros" utilizam o velho truque do estelionatário, de oferecer vantagem para suas vítimas, e acreitem ou não funciona, os otários caem como moscas no mel.
4. O demônio realmente existe: Assistir as cenas de pastores aprendendo a enganar as pessoas, brincando e fazendo chacota de suas vítimas, não dão a certeza da existência do diabo, de demônios e de outros seres mais da mesma natureza. A certeza vem das próprias cenas e das palavras ali proferidas. Uma das afirmações do líder é que o "demônio da crise" roubaria o dinheiro das pessoas. De fato isso aconteceu: o demônio roubou o dinheiro daqueles que embarcaram nessa canoa furada. Afinal, todos sabem que o diabo mente, engana, rouba e ilude, so que neste caso, o diabo tem nome, endereço, CPF. cartão de crédito e um gorda conta bancária.
Ate quando, assitiremos essas cenas lamentáveis que se repetem todos os dias? Até que as autoridades desse país resolvam moralizar a religião, que nesse caso como diria jesus tem se transformado em covil de salteadores.

Leia Mais…

sábado, abril 03, 2010

O FEITIÇO ERÓTICO DO CASO NARDONI

Sinceramente, nao pensei em escrever acerca desse epsódio lamentável envolvendo a família Nardoni, e que gerou em mim sentimentos estranhos e contraditórios. Tenho me perguntado sem obter resposta alguma: O que aconteceu?
Que feitiço foi esse que dominou o país envolvendo a morte da menina Isabela Nardoni? Que motivação dominou pessoas para pedir dispensa de seus empregos, madrugarem na porta do forum, e se acotovelarem por dias a fio numa sandice poucas vezes vista,clamando por justiça e condenando antecipadamente o pai e a madrasta da menina como os reais assassinos, sem que o julgamento sequer tivesse começado?.
Que erotismo foi esse que invadiu as pessoas num verdadeiro frenesi quase orgásmico fazendo com que muitos declarassem sua plena satisfação com a condenação conquistada pela promotoria? Que prazer insano é esse?
Sinceramente me senti dividido entre a dor da família da menina e o sofrimento dos pais dos acusados; entre a busca pela justiça e a dúvida da autoria (considerando que não se obteve certeza de quem exatamente praticou o crime), fato esse plenamente divulgado pelo circo midiático montado para teatralizar o evento. Entrevistas com Juízes, desembargadores, advogados e juristas de todo tipo. Jurados foram entrevistados, psicólogos interpretaram cada gesto do casal, desde a impassividade às lágrimas, ou seja, o "julgamento" foi transformado num verdadeiro reality show, uma espécie de Big Brother judicial a céu aberto. Permitam que eu aspei a palavra julgamento; não que duvide da lisura do Juíz dos promotores, advogados e jurados ali presentes, as aspas apenas indicam que eles já entraram no tribunal condenados pela mídia, e nenhum jurado no mundo teria coragem de dizer o contrário.
Que erotismo tomou conta desse povo? Acredito que os dois foram eleitos, numa espécie de "bodes expiatórios", um tipo de messias às avessas, para pagar por todos os crimes do país, os deles (se culpados) e por todos os outros que ficaram impunes.
Quantas "Isabelas" existem por esse Brasil afora?, Quantas "Anas Carolinas Oliveiras"? Quantos "Alexandres Nardonis e Anas Jatobás"? Por que não nos excitamos por uma justiça para todos?, porque não fazemos passeatas e vigílias por todos os injustiçados? São perguntas que ainda aguardam respostas.
Durante esse tempo, estive dividido. Entre a necessidade de punir os culpados (se provado serem eles) e a tristeza de saber que milhares de crianças morrem nos hospitais, de fome, de doenças previníveis; são vítimas de corruptos engravatados que compram carros e mansões com o sangue desses inocentes e permancem impunes; fiquei pensando que muitos deles poderiam está ali no meio da multidão clamando por justiça.
Fiquei dividido entre apoiar o trabalho aparentemente sério e comprometido do Promotor Francisco Cembranelli e a angústia de saber que nesse país, promotores, juízes, desembargadores e tantos outros vivem acima da lei.
Pensei no Advogado de defesa. Hostilizado pelas pessoas como um bandido, como se fora um mercenário defendendo um monstro apenas por dinheiro. Creio que ele estava certo (ou errado) acerca da inocência do casal.
Meu coração se partiu em dois ao pensar na possibilidade da menina Isabela ter sido morta por aqueles que deveriam proteger sua vida, e na possibilidade de condenar triplamente um inocente. Pois se Alexandre Nardoni não matou sua filha, terá sido punido inocentemente três vezes; pela perda da filha, pela condenação judicial e pelo afastamento dos outros filhos. Sinceramente penso que seja mais prudente absolver o culpado que condenar o inocente.
Fiquei pensando: Que feitiço erótico é esse que invadiu o país, que levou tantas pessoas a esquecer a realidade e a embarcar numa fantasia de que a condenação do casal seria a esperança de dias melhores para um país injusto como é o Brasil?
Ao olhar para a realidade, percebo que a mídia repisou o fato e decidiu antecipadamente os destinos do casal.
Fiquei pensando na quantidade de inocentes que já foram condenados pelas multidões, e que permaneceram presos por anos até ficar provado suas inocências (recomendo a leitura do livro "Erros Judiciários" de Lásinha Luis Carlos, editado pela Editora São paulo) O livro destaca casos famosos registardos na história, tais como: O Caso Mota Coqueiro - Brasil 1855; O caso dos Irmãos Naves- Brasil 1938; O caso do Padeiro da Ilha de Malta-,; O caso Ivan Garditch- Bulgária 1924; O caso Saco e Vanzetti- Estados Unidos 1927; O caso Jennings - Inglaterra 1762; O caso Dreyfus- França 1894; e O caso do Regatão da Amazônia- Brasil 1800. Além disso, basta procurar na Internet para ver a quantidade de casos existentes no Brasil e no mundo. E se no calor das emoções tivermos julgado erroneamente e o casal vier a engrossar essa lista?
A pergunta que faço é essa; Que feitiço erótico é esse que nos leva ao delírio pelo fato de condenar alguèm?

Leia Mais…

sexta-feira, abril 02, 2010

UMA PÁSCOA INVERTIDA

Todos os anos as coisas se repetem na Páscoa. Ovos, peixes, vinhos, encenação da paixão de Cristo, cerimônias religiosas, penitência, procissões, etc. Tudo isso acontece dentro da moldura cujo quadro é a morte de Jesus. Confesso que já me cansei dessa hipocrisia que domina a sociedade nesses dias, dessa falsa espiritualidade encenada travestida de piedade cristã.

Quero uma páscoa invertida, onde a atitude não seja a de presentear ovos de chocolate para aqueles que efetivamente não precisam; uma verdadeira pândega onde aqueles que podem se esbaldam numa gastança desenfreada que denuncia indiferença, egoísmo e falta de solidariedade.

Na páscoa invertida, nesse dia, aqueles que têm, repartem com os mais desafortunados da vida. O presente não é para a família, para os amigos e sim para pessoas anônimas. Afinal Cristo não veio apenas para atender seus familiares e amigos; na verdade ele se deu pelos mais necessitados do seu tempo.

Na páscoa invertida a sexta feira não é dia de comer peixe, e sim de proteger os rios, os peixes, as águas, os mares, os corais. Nessa páscoa celebra-se a vida, incluindo-se aqui o respeito para com os animais e o cuidade com a natureza. Acredito ser essa uma ação muito mais condizente com o espírito do cristo, cuja atitude na cruz denuncia essa ação deletéria de matar, representada na crucificação.

Numa páscoa invertida não há lugar para a celebração da morte; ela deve ser lembrada em silêncio, na intimidade de cada um, sem encenações espetaculares com a atores globais, etc, cujo custo não sei precisar. Nessa páscoa, deve-se olhar para os milhares de "cristos" anônimos, crianças, viúvas, idosos, todo tipo de miseráveis que gemem "crucificados" pela sociedade atual; ainda vivos, porém vivendo seu calvário particular. Esse espetáculo já é suficiente para uma páscoa ao avesso.

Uma páscoa invertida não demanda cerimônias religiosas, atos de penitência, nem procissões. Nessa páscoa, os cultos e missas com seus derivados são substituídos por gestos de caridade, pela descida aos grotões, às favelas, aos casebres que nesse dia assistem atônitos suas panelas vazias; os atos de penitência repetidos muitas vezes até derramar o sangue do penitente, deve ser trocado por um grito em defesa das tantas vítimas da violência, pessoas inocentes cujos nomes não podem ser aqui elencados; sangue derramado que todos os dias continua a verter e que deve causar vergonha e tristeza o suficiente para que não precisemos celebrar qualquer tipo de violência. Procissões se transformam em passeatas pela paz, pela justiça e pelo fim da corrupção. Essa páscoa se parece muito mais com a vida e resgata as atitudes daquele homem crucificado em Jerusalém.

Essa páscoa não existe. Talvez jamais venha a existir. Ela não passa de uma quimera, um delírio que não pode subsistir aos apelos da mídia e dos anúncios comerciais. Eu sei disso! Mas acredite: uma páscoa assim eu celebraria com muito mais entusiasmo.


Leia Mais…